O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que haverá quase um milhão de novos casos de câncer em 2008 e 2009 - 466 mil a cada ano. A expectativa é a de que haja um aumento na incidência de todos os tipos de tumores, com exceção dos localizados no estômago e no colo do útero. O problema é que, enquanto nos países desenvolvidos a incidência aumenta e a mortalidade diminui, no Brasil a ocorrência e a letalidade estão aumentando. No ano passado, 130 mil pacientes morreram por causa da doença.
O QUE É O CÂNCER?
O termo câncer foi empregado pela
primeira vez na Grécia Antiga. Observando-se que algumas feridas
pareciam penetrar profundamente na pele, comparou-se este comportamento
ao de um caranguejo (karkinos em grego, câncer em latim) agarrado
à superfície. Atualmente temos hoje mais de 200 doenças
agrupadas, todas resultando no crescimento autônomo e desordenado
de uma pequena parte do organismo. Dentre os agentes cancerígenos , os mais importantes são os agentes físicos, os virais, os químicos, os hereditários, os imunológicos e as chamadas doenças pré-cancerosas.
FÍSICOS- há fortes indícios quanto à influência direta de um fator físico, como é o trauma (lesões);
VIRAIS - O avanço das técnicas de investigação biomédica permitiu descobrir a estreita relação entre certos tipos de vírus e alguns tipos de câncer em vários animais. Alguns vírus da família herpes, por exemplo , estão relacionados ao desenvolvimento de leucemias crônicas.
QUÍMICOS - o câncer de pulmão tem evidente relação com irritantes químicos derivados do alcatrão da hulha que estão contidos no cigarro, os quais são muito utilizados , em cancerologia experimental, na produção de câncer de pele. Seu papel cancerígeno está comprovado. Outros agentes químicos já mostraram sua estreita relação com o desencadeamento de tumores, como certos medicamentos e substâncias químicas. Tinturas ( corantes) de naftaleno, causadoras de câncer da bexiga.
Nitratos e nitritos do tipo usado normalmente para preservar carnes, seriamente implicados com o câncer de estômago e dos intestinos.
HEREDITÁRIOS -Ainda não foi cientificamente comprovada a hereditariedade como fator etiológico do câncer. Nas discussões em torno dessa problema, predomina a corrente que defende a existência de um fator hereditário condicionando um fator predisponente , em indivíduos de determinada família. A importância da hereditariedade , porém , não justifica alarme quando surge um caso de câncer em um membro da família. O fator hereditário, ao que tudo indica, está ligado às condições imunológicas de cada organismo.
IMUNOLÓGICOS - O organismo humano dispõe de um sistema imunológico capaz de reconhecer , através de um "código" molecular , tudo que faz parte do organismo e tudo que é estranho ao mesmo.
DOENÇAS PRÉ-CANCEROSAS - Entre os fatores etiológicos do câncer , citam-se ainda, as doenças pré-cancerosas, como a gastrite atrófica considerada precursora do câncer de estômago; a úlcera do estômago, passível de malignizar-se ; a polipose gástrica e intestinal; e a pancreatite crônica , associada com certa freqüência , a um câncer do pâncreas. Os tumores de fígado (hepatomas), por sua vez, incidem mais freqüentemente em indivíduos com cirrose do fígado.Certos tumores benígnos constituem também lesões prè-cancerosas em variados graus. Estão entre eles os adenomas benignos da tireóide, os papilomas da bexiga e os "sinais" pigmentados da pele. As verrugas que crescem na pele , sobretudo de pessoas idosas, podem degenerar em epiteliomas ou câncer da pele. Muitas cicatrizes ( o tecido cicatricial não tem elementos protetores contra irritação crônica) podem degenerar em câncer.
Além desses cancerígenos comprovados, muitos alimentos estão ligados aos canceres, o que os tornam por demais suspeitos.
Na verdade , o câncer está passando a ser visto cada vez mais como uma doença de um determinado estilo de vida, que pode ser evitada pela mudança dos hábitos prejudiciais á saúde.
É por esse motivo que a atenção dada ao tipo de regime alimentar visando reduzir o risco de câncer está aumentando muito..
O CÂNCER TEM CURA?
A maior parte dos tumores malignos tem alto índice de cura, com poucas complicações, se o diagnóstico é feito precocemente. Ao contrário, quando o diagnóstico é tardio, tem baixo índice de cura e usualmente mais complicações.
E COMO
SE FORMA?
A
mitose (divisão da célula adulta em duas) é realizada controladamente dentro das necessidades do organismo. Por razões desconhecidas, certas
células reproduzem-se com uma velocidade maior, desencadeando o aparecimento de massas celulares (neoplasias) ou tumores. Nas neoplasias malignas o
crescimento é mais rápido, desordenado e infiltrativo; as células não guardam semelhança com as que lhes deram origem e têm capacidade de se
desenvolver em outras partes do corpo, fenômeno este denominado metástase,
que é a característica principal dos tumores malígnos.

CAUSAS E DIAGNOSTICO
Estimativas
dão conta que 30% das mortes estão relacionadas ao tabagismo, 35% aos
hábitos alimentares e os 35% restantes a outros fatores, tais como: vírus
oncogênicos transmitidos sexualmente, agente cancerígenos ocupacionais,
exposição à radiações e uso de hormônios.
"Todo câncer é influenciado pelos fatores ambientais com predisposições genéticas. Estímulos externos, quimicos, fisicos ou biológicos (agentes cancerígenos) ao determinar modificações no material genético de uma celula, tornam-se responsável pela sua malignação. A sensibilidade pessoal a esses agentes surge como um fator adicional na formação do câncer.
Devido ao longo tempo necessário para o desenvolvimento de uma doença malígna, suas causas só podem ser encontradas no passado de cada paciente. O diagnóstico precoce costuma aumentar as chances de cura e pode possibilitar a realização de tratamento mais eficazes." (Conteúdo do livro Tenho câncer. E agora?, da Associação Brasileira do Câncer)

O diagnóstico para o câncer é o mesmo independentemente da doença: trata-se sempre de uma investigação, orientado por sintomas relatados pelo paciente e sinais conhecidos no exame clínico.
A confirmação dos casos de câncer, quase sempre exige a retirada de amostra de tecido do órgão sob suspeita, para análise ( biópsia e do exame de anátomo-patológico). A partir deste material retirado, um estudo microscópico é realizado, a fim de se reconhecer quais são as células originais do câncer, e a natureza do processo.
MARCADORES TUMORAIS
Marcadores tumorais são substâncias encontradas no sangue, urina ou tecidos de pessoas com certo tipo de câncer. Em sua maioria são proteínas ou pedaços de proteínas. Eles são produzidos pelo próprio tumor ou pelo organismo como resposta à presença do câncer.
Segundo a *Classificação Internacional de Doenças para Oncologia - CID-O podemos citar:
- Todas as neoplasias (C00 a C97; exceto C77-C79);
- Cavidade oral (C00-C10);
- estômago (C16);
- cólon e reto (C18-C21);
- traquéia, brônquio e pulmão (C33-C34);
- melanoma maligno da pele (C44);
- mama feminina (C50);
- colo do útero (C53);
- próstata (C61) e;
- leucemias (C91-C95).
* A Classificação Internacional de Doenças é um recurso para a medicina e a saúde pública na descrição de doenças e causas de morte e para a elaboração de estatísticas de saúde. Em 1997, o Ministério da Saúde estabeleceu a obrigatoriedade do uso da CID-10 em todo o território nacional.
O Cid-O, usado por quase 25 anos, em registro de tipos de câncer para codificação topográfica e morfológica das neoplasias é baseado geralmente no relatório e diagnóstico anátomo patológico.
ESTADIAMENTO
Local - é onde a doença se encontra localizada.
Regional - O câncer estende-se para fora do órgão de origem, mas mantém proximidade. Muitas vezes curável com medidas locais (cirurgia e irradiação.
Regional Extenso - Estende-se para fora do órgão de origem, atravessando vários tecidos.
Avançado - o câncer está disseminado pelo corpo através de metástases. Pode envolver medula óssea e múltiplos órgãos. Raramente é curável.
TRATAMENTO
Cirurgia - mais antiga e mais definitiva, principalmente quando o tumor está em estágio Local ou Inicial e em circunstâncias anatômicas favoráveis para sua retirada.
Quimioterapia - Foi o primeiro tratamento sistêmico para o câncer. A quimioterapia pode ser usada como tratamento principal (nas leucemias, linfomas, câncer de testículo), mas normalmente é adjuvante (após a cirurgia), ou antes, da cirurgia (neo-adjuvante) ou ainda associado a radioterapia.
Radioterapia - É o mais utilizado para tumores localizados que não podem ser ressecados totalmente, ou para tumores que costumam retornar ao mesmo local após a cirurgia.
Anticorpos Monoclonais -
são moléculas de anticorpos produzidas em laboratórios para induzir o organismo a reconhecer e atacar estruturas de proteínas específicas da superfície de células tumorais. Ao aumentar a especificidade, aumenta-se a eficácia e diminui-se a intolerãncia ao tratamento. Existe uma série de anticorpos monoclonais já disponíveis e aprovados para uso clínico. Os primeiros foram lançados há alguns anos e felizmente, a cada ano surgem mais.
ESCOLHENDO O ONCOLOGISTA
Para tratar um câncer é necessário que o médico tenha especialização em oncologia. O paciente deve escolher o oncologista que lhe inspire confiança , empatia, e tenha boa disponibilidade de tempo e boa comunicação com o paciente. O médico oncologista é a pessoa indicada para lhe dar toda a informação relacionada com a escolha dos tratamentos, possíveis efeitos secundários e resultados esperados (com o tratamento). Cada pessoa deverá desenvolver, com o médico, um plano de tratamento que seja compatível, dentro do possível, com as necessidades, valores pessoais e estilo de vida dessa pessoa. Antes de iniciar o tratamento, poderá querer colocar algumas questões ao médico:
- Qual é o estadio da minha doença?
- Quais são as minhas escolhas de tratamento? Qual me recomenda?
- Quais são os benefícios esperados de cada tipo de tratamento?
- Como saberemos se o tratamento está a resultar?
- Que testes serão usados para verificar a sua eficácia?
-
Com que frequência farei esses testes?
- Quanto tempo demorará o tratamento?
- Terei que ficar internado(a) no hospital?
- Como irá o tratamento afetar as minhas atividades normais?
- Que poderei fazer para cuidar de mim, durante o tratamento?
- Quanto deverá custar o tratamento?
-
O meu seguro cobrirá este tratamento?
- Com que frequência terei de fazer exames?
- Será que participar num ensaio clínico (estudo de investigação) seria adequado para mim?
As pessoas com câncer querem saber toda a informação possível sobre a sua doença e métodos de tratamento; querem participar nas decisões relativas ao seu estado de saúde e cuidados médicos de que necessitam. Saber mais acerca da doença, ajuda a colaborar e reagir positivamente.
OUVIR UMA SEGUNDA OPINIÃO
Antes de começar o tratamento, você pode querer ouvir uma segunda opinião, acerca do diagnóstico, e das opções de tratamento. Em geral, mesmo que demore algumas semanas, até ouvir uma segunda opinião, o tratamento não se torna menos eficaz. No entanto, há situações em que é necessário fazer tratamento imediato; e é importante referir este possível atraso ao médico.
PARA VENCER O TUMOR
1- Parar de fumar, comer bem.
2- Os remédios da nova geração (terapias-alvo) tentam bloquear o crescimento das células malignas dentro dessas próprias células. Essas drogas atuam no interior das células malignas. Além de crescer mais, as células cancerosas se recusam a morrer, então drogas experimentais ativam mecanismos que levam as levam ao suicídio.
3- Vacinas produzidas com células do próprio paciente (imunoterapia) fortalecem o sistema imune, cujas células de defesas são induzidas a atacar o tumor.
4- Antiogênese - algumas drogas inibem a formação de vasos sanguineos que alimentam o tumor. O objetivo é matar o tumor de fome. Outras drogas além de inibirem a formação novos vasos embaralham sinais bioquímicos dentro da célula que seriam vitais para sua sobrevivência.
5- Cirurgia - quanto mais precoce for detectado o tumor, mais simples será a cirurgia e com maior chance de cura.
6- Quimioterapia - ainda que matem juntamente as células sadias, os novos esquemas de quimioterapia são menos tóxicas.
7- Radioterapia - feixes de luz direcionados diretamente na direção do tumor.
NOVAS DROGAS
Alguns remédios com resultados promissores e as
novas indicações ainda em estudo |
Medicamento: Avastin (Roche) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indica infecções no futuro |
Câncer de intestino metastático |
Nos EUA e em avaliação na Europa |
Registro ainda não solicitado |
Pulmão, próstata, mama, pâncreas, rim |
Medicamento: Femara (Novartis) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indicações no futuro |
Câncer
de mama metastático |
EUA e Europa |
Aprovado |
Câncer de mama, depois de 5 anos de tratamento com tamoxifeno |
Medicamento: Glivec (Novartis) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indicações no futuro |
Leucemia mielóide crônica, tumores gastrointestinais (GIST) |
EUA e Europa |
Aprovado para GIST. Nos casos de leucemia, é provado apenas quando o interferon falha |
Próstata, pulmão, tumor cerebral |
Medicamento: Iressa (AstraZeneca) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indicações no futuro |
Pulmão de células não-pequenas |
EUA e Europa |
Aguarda aprovação desde 2002 |
Pulmão em estágio inicial |
Medicamento: Tarceva (Roche) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indicações no futuro |
Estudos clínicos em pulmão |
Nenhum país |
Registro não solicitado |
Ovário, pâncreas, cabeça e pescoço |
Medicamento: Taxotere (Aventis) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indicações no futuro |
Mama, pulmão, cabeça e pescoço |
EUA e Europa |
Aprovado |
Próstata, estômago |
Medicamento: Xeloda (Roche) |
Uso atual |
Onde foi aprovado |
Situação no Brasil |
Possíveis indicações no futuro |
Câncer de intestino metastático, mama |
EUA e Europa |
Aprovado |
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Câncer de mama - Acaba de ser aprovado pela Anvisa o ditosilato de lapatinibe (nome comercial Tykerb), uma opção de tratamento via oral para câncer de mama avançado ou metastático. A previsão é de que o medicamento chegue ao mercado brasileiro no primeiro semestre de 2008. Trata-se de uma terapia-alvo que ataca diretamente as células cancerosas, impedindo sua proliferação. Fonte: Paraná Online |